Celular apreendido com homem que gerenciava a adesão de novos integrantes à GDE continha fotografias e informações de 343 recém-ingressos à organização criminosa
Os criminosos, cada vez mais, surpreendem a Polícia e a sociedade com o nível de organização. Através de uma prisão realizada durante a série de ataques ao Estado e à propriedade privada, a Polícia Civil chegou a uma lista de cadastro dos novos membros da facção Guardiões do Estado (GDE), presentes em diversas regiões do Ceará.
O faccionado foi levado à Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), onde foi autuado por organização criminosa. Em depoimento, ele confessou ligação com a GDE e participação na análise de possíveis novos integrantes e no "batismo" dos mesmos na facção. Para otimizar o trabalho, 'Centenário' possuía um grupo na rede social WhatsApp com o nome de "Cadastra bem sua loja" e anotava todas as adesões ao grupo criminoso em um caderno.
Ingresso
Todas as imagens foram recebidas por 'Centenário' já em 2019, o que faz a Polícia acreditar que os Guardiões do Estado arregimentaram as centenas de novos membros para confrontar o Estado. Entre os recém-ingressos há homens e mulheres, presos e soltos, principalmente jovens até 24 anos - mas há também um homem de 41 anos.
A investigação descobriu que, para ingressar na facção, o procedimento é rápido: basta o interessado passar informações pessoais básicas com a fotografia para ser avaliado pelo restante do bando, na rede social. Se ninguém for contra, o "batismo" é dado no dia seguinte. Mas se a pessoa tiver passado por outra organização criminosa, tem de enviar um vídeo fazendo um juramento à GDE e "rasgando a camisa" da facção antiga.
A GDE nasceu de uma torcida organizada de futebol, no bairro Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, no ano de 2015, e se caracterizou por arregimentar dissidentes da organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) que não queriam mais pagar a 'cebola' (taxa por pertencer à facção).
Explosivos
'Centenário' também é suspeito de manusear e negociar explosivos para ações criminosas. Após a prisão do "Geral do Cadastro" da GDE, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) divulgou a detenção de oito suspeitos de envolvimento em ataques com uso de explosivos, no último dia 25 de janeiro.
Entre os presos estavam Milene Constantino dos Santos e Ackel Jarley Bezerra Ferreira, o 'Pantera', esposa e "braço direito", respectivamente, de Daniel Belmiro José Rodrigues, o 'Negão', líder da facção carioca Comando Vermelho (CV) que já estava detido no Sistema Penitenciário cearense e foi transferido para um presídio federal de segurança máxima, por ordenar ataques criminosos.
Segundo a investigação da Draco, 'Negão' foi o comprador da carga de 5,7 toneladas de explosivos roubada em Aquiraz, em 21 de dezembro do ano passado. Milene e 'Pantera' guardavam a carga. Preocupado com a transferência do chefe e a dificuldade de comunicação, o seu "braço direito" chegou a pedir para Milena assumir o negócio - mas a Polícia interceptou antes.
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