Médium está preso indiciado por violação sexual mediante fraude. Ele nega os crimes.Levantamento feito pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) apontou que a idade das mulheres que entram em contato com o órgão por e-mail denunciando que foram abusadas pelo médium João de Deus varia entre 9 e 67 anos. Ele foi indiciado por um caso de violação sexual mediante fraude e está preso no Núcleo de Custódia em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Defesa nega as acusações e tenta a solturadele.
O promotor Luciano Miranda contou que o MP-GO recebeu 596 e-mails entre denúncias, agradecimentos de vítimas, reclamações e até mensagens de apoio ao médium. Analisando os textos, o órgão levantou que há 255 vítimas em potencial. Dessas, 121 informaram as idades que tinham quando se sentiram abusadas.
"Foram identificados nesses e-mails recebidos que as vítimas tinham, na época dos abusos, de 9 anos até 67 anos", contou.
- 9 a 14 anos - 23 vítimas
- 15 a 18 anos - 28 vítimas
- 19 a 67 anos - 70 vítimas
Desses 255 casos, o MP-GO acredita que 112 prescreveram. O promotor explicou que esses casos ocorreram há mais de dez anos, mas que ainda é importante que as vítimas denunciem.
"Já vimos possibilidade de prescrição de 112 crimes. Isso porque ele [João de Deus] tem hoje mais de 70 anos e o prazo de prescrição corre pela metade, portanto não 20 anos como prevê a lei, mas sim 10. Mesmo assim, é imprescindível que todos sejam ouvidos porque valem como prova e vemos semelhanças nesses relatos para dar mais consistência aos casos", afirmou.O promotor Thiago Galindo disse que além dos depoimentos o MP-GO também tem alguns documentos, entregues pelas mulheres que denunciaram os abusos, que ajudam na elaboração das denúncias. De acordo com ele são passagens que comprovam que as vítima estiveram em Abadiânia em determinado perído, registros em diários, entre outros.
"Algumas vítimas, além de sua palavra e seus detalhes que corroboram com outras vítimas, também apresentam documentos: diários com relatos de muitos anos atrás, algumas cartas que já foram remetidas questionando isso", disse.
A defesa de João de Deus já teve dois pedidos de habeas corpus negados -- no TJ e no Superior Tribunal de Justiça. Nesta quarta (19), Toron protocolou novo pedido no Supremo, mas ainda não obteve resposta.
Operação
Nesta sexta-feira (21), o MP-GO e a Polícia Civil voltaram à Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, onde os abusos teriam ocorrido, além de outros enreções do médium. Durante a ação, eles apreenderam uma mala de dinheiro, esmeraldas e medicamentos. Madados de busca já haviam encontrado mais R$ 400 mil em moedas nacional e estrangeiras e armas na casa dele.
O juiz Liciomar Fernandes da Silva, do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), decretou a prisão do médium, nesta sexta-feira, por posse ilegal de armas de fogo, devido aos aramamentos encontrados nos endereços de João. Ao G1, o advogado Alberto Toron disse desconhecer o novo decreto de prisão, mas criticou a decisão.
De acordo com a assessoria do TJ, ainda que a liberdade seja concedida, João de Deus não pode ser solto por haver um novo decreto de prisão contra ele.
Próximos passos
Os promotores pretendem ouvir João de Deus ainda na semana que vem e denunciá-lo em seguida. Junto com o inquérito já fechado pela Polícia Civil, o órgão deve juntar outros casos recentes, ainda deste ano.
"Além do inquérito da Polícia Civil, o MP pretende agregar outros três fatos: dois crimes de violação sexual mediante fraude e um de estupro de vulnerável", explicou Luciano.
Segundo o promotor, o MP recebeu denúncias de vítimas que teriam sido abusadas em ambientes públicos. Com isso, o órgão vai investigar a existência de testemunhas.
"Há relatos de abusos em ambientes coletivos, mas isso será também objeto de investigação", afirmou.
Situação atual
- Médium é investigado por estupro, estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude;
- Ministério Público recebeu 596 relatos de abusos sexuais e identificou 255 vítimas;
- Polícia Civil colheu depoimentos de 16 mulheres. Um inquérito foi concluído e há oito em andamento;
- Em operações em endereços ligados a ele foram achadas armas, pedras preciosas e mais de R$ 400 mil;
- Justiça também decretou a prisão do médium por posse ilegal de armas de fogo;
- Há relatos de supostas vítimas de seis países e vários estados brasileiros;
- MP e polícia também querem apurar denúncia de lavagem de dinheiro;
- Não há pedido para suspensão do funcionamento da Casa Dom Inácio de Loyola;
- Defesa tenta soltura do médium
Investigação
João de Deus teve a prisão decretada no dia 14 de dezembro, a pedido da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO). No dia 16, ele se entregou à polícia em uma estrada de terra em Abadiânia.
O médium prestou depoimento em seguida, durante três horas. João de Deus afirmou à Polícia Civil que, antes de as denúncias virem à tona, foi ameaçado por um homem, por meio de uma ligação de celular. Além disso, negou os crimes e que tenha movimentado R$ 35 milhões nos diasanteriores à prisão.
O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Os casos vieram à tona no programa Conversa com Bial de 7 de dezembro. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
DENÚNCIAS CONTRA JOÃO DE DEUS
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[fonte Veja outras notícias da região no G1 Goiás.]
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