O Estado do Ceará volta a estar sob disputa de facções criminosas. Após 21 meses seguidos de redução de homicídios, o índice tornou a crescer desde janeiro de 2020. Neste mês de abril, a tensão se acirrou, com 'salves' (mensagens de ordem) e vídeos em que criminosos ostentam armas de grosso calibre e ameaçam de morte rivais, compartilhados pelas redes sociais.
Entre os dias 1º e 22 de abril deste ano (última atualização de dados), a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) registrou, em todo o Estado, 306 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) - índice que engloba homicídios, feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. O número representa um aumento de 90% nos casos, em igual período de 2019, que tinha 161 mortes. Abril daquele ano terminou com 213 crimes, o que significa que já há, no mês corrente, um crescimento de pelo menos 43,6%.
No acumulado do ano (ao contar de 1º de janeiro a 22 de abril), o aumento de homicídios é de 96,7% (quase o dobro), ao saltar de 706 registros, no ano passado, para 1.389, neste ano. Conforme investigadores dos mais diversos órgãos do Estado ouvidos pela reportagem, a maioria dos crimes está ligada à guerra entre as facções Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE) por território para o tráfico de drogas.
Pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), o sociólogo César Barreira acredita que houve uma retração das facções durante 2019, ano que teve duas séries de ataques criminosos contra o Estado e forte repressão policial, inclusive com o apoio de tropas nacionais. "É como se as facções tivessem guardado forças para um novo retorno", aponta Barreira.
Com informações do Diário do Nordeste.
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