quinta-feira, 11 de julho de 2019

Só 3 servidores do Dnocs fiscalizam 224 Km² em área de Quixadá

Dois dos principais atrativos da cidade estão sob risco iminente de degradação. As trilhas da Galinha Choca e Cabeça do ET carecem de fiscalização e preservação. Os locais estão sendo desfigurados pelos visitantes

O esvaziamento no quadro de funcionários do Departamento de Obras Contra as Secas (Dnocs) coloca em risco áreas ambientais que estão sob responsabilidade da Instituição federal mais antiga com atuação no Nordeste. Em Quixadá, principal cidade do Sertão Central, dois atrativos turísticos apresentam iminente risco de degradação. As trilhas da Galinha Choca e da Cabeça do ET carecem de cuidado e fiscalização. A constatação foi feita por um funcionário do próprio Dnocs, órgão criado há 110 anos.

"São apenas três homens para realizar a fiscalização de 224 km², o equivalente a 35 mil campos de futebol. Até pouco tempo a gente contava com 14 servidores. A aposentadoria foi praticamente coletiva. Hoje, temos o auxílio de apenas 12 vigilantes, mas foram contratados apenas para resguardar os prédios do açude", lamenta o administrador do escritório local do órgão, Almir Benício.
O reduzido número no quadro de funcionários impacta direta e negativamente na conservação desses locais que, no período de férias, são bastante procurados. Sem controle ou acompanhamento de guias especializados, muitos visitantes abandonam embalagens, sacos e copos plásticos por onde passam em ambas as trilhas. O resultado é a completa desfiguração da paisagem natural.
Lacuna
No início dos anos 2000, quando assumiu temporariamente a administração do equipamento ecoturístico do Açude Cedro, a Prefeitura de Quixadá deu início à sinalização e à orientação aos visitantes quanto à necessidade do respeito ao meio ambiente. À época, o então secretário de Turismo do Município, Henrique Rabelo, pretendia capacitar guias para atender o público. Além do auxílio aos turistas, eles seriam observadores para assegurar a preservação dos lugares visitados, ocupando desta forma uma lacuna deixada pelo esvaziamento do Dnocs.
O cenário, no entanto, mudou. Hoje, a Secretaria de Turismo de Quixadá não tem mais o domínio sobre a exploração dessas riquezas naturais. "O contrato de cessão de uso, de 15 anos, conquistado à época junto ao Dnocs, não foi renovado quando o prazo venceu há três anos, na gestão municipal anterior. Lamentamos o estado de abandono do parque", comentou o atual secretário de Turismo do Município, Pedro Baquit.
Crítico
Atualmente, segundo o diretor-geral do Dnocs, Angelo Guerra, o órgão possui menos de 1.300 servidores trabalhando em nove coordenadorias. Essa quantidade, conforme Guerra, está aquém do necessário para a instituição, que já teve mais de 15 mil funcionários. Para ele, o ideal seria o dobro do atual quadro de pessoal. Numa tentativa de preservar essas trilhas ambientais, a gerência regional do Dnocs está providenciando funcionários terceirizados para substituírem os servidores aposentados. "Ainda não sabemos o número de contratados, mas eles deverão realizar os serviços de limpeza, inclusive das margens da bacia hídrica. Essa é a nossa expectativa", pontuou Almir Benício. Quanto ao quadro deficitário de funcionários do Dnocs, Guerra solicitou o remanejamento de profissionais de outros órgãos. Para este ano, 70% do quadro estão aptos para aposentadoria. [ fonte diário do nordeste ]

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