Em Altamira, no Pará, um grupo organizado desmatou 290 km² de floresta entre 2012 e 2015, segundo o Ibama -- área equivalente a quase três vezes o tamanho de Paris. O responsável pelo desmatamento pode pegar até 238 anos de prisão, segundo o Ministério Público do Pará.
Os trabalhadores eram colocados em meio à floresta para desmatar, e só eram pagos após retirarem todas as árvores mais valiosas. O esquema movimentou R$ 1,9 bilhões de reais, segundo o Ibama, citado no relatório.
No assentamento Terra Nossa (PA), criado pelo Incra há mais de uma década, fazendeiros ocuparam a terra, desmataram e fizeram até mineração nas terras. As árvores derrubadas foram transportadas pela única estrada do assentamento, sob a proteção de milicianos armados, que ameaçavam os moradores, segundo líderes comunitários relataram à HRW.
No Maranhão, o desmate dentro da Reserva Biológica do Gurupi foi feito por um fazendeiro que contratou homens armados para ameaçar e expulsar os moradores da comunidade de Rio das Onças, de acordo com o relatório. O fazendeiro chegou a contratar um policial aposentado, que por sua vez contratou dois policiais militares da ativa, para matar o líder comunitários Raimundo Santos, segundo confissão feita pelo próprio fazendeiro.
Em Colniza (MT), madeireiros contrataram assassinos que se autodenominavam “os encapuzados” para intimidar e atacar moradores locais, com o objetivo de expulsá-los da terra.
Ameaças aos ‘guardiões’ da floresta
Os criminosos ameaçam matar e, por vezes, cometem assassinatos daqueles que denunciam os crimes praticados pela máfia. Servidores públicos, policiais, indígenas, agricultores e moradores locais estão entre os alvos.
De acordo com a Pastoral da Terra, ligada à Igreja Católica, mais de 300 crimes relacionados ao uso do solo foram documentados nos últimos dez anos. Só 14 foram a julgamento, desde então.
A HRW afirma que o programa de proteção à testemunha não consegue trazer segurança aos envolvidos, porque as ameaças não são investigadas e a "proteção", em geral, se restringe à ligações telefônicas periódicas – em um dos casos citados, um ameaçado recebeu R$ 80 para mudar para uma cidade onde havia sinal telefônico, mas ele se recusou porque teria que passar pela estrada dominada por criminosos.
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